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Quando não há o que fazer, há muito a ser feito.

Foto do escritor: Adal VivianiAdal Viviani

Atualizado: 16 de abr. de 2021

A crise que vivemos é sanitária. As medidas econômicas são paliativas. Mas você não pode esperar que as soluções caiam do céu.

É um erro tratar uma crise sanitária como uma crise econômica. Esta é a premissa para conseguir olhar os acontecimentos e agir sobre eles. Não existe solução econômica sem a solução sanitária. A economia depende da vacinação. Medidas econômicas serão paliativas – embora necessárias – sem vacinação em massa. A economia precisa voltar a operar com um traço de normalidade para empregos, produção e consumo movimentem o mercado. Embora este seja o cenário e, aparentemente, não haja o que fazer, há muito a ser feito.


A Covid-19 é o tema que coloca maior assombro no horizonte. O assombro vem pelo número de casos e mortes. A cada dia, a sensação é de que a doença está mais perto. O assombro vem com um conformismo impotente. Para superar esta fase é preciso tentar entender a dimensão do problema. Isso não é fácil pois você está – todos estão, a imersos nele. O que se propõe aqui é fazer algumas reflexões sobre o momento e o que nos aguarda. Não temos todas as respostas. Porém não é possível esperar por todas elas. Rock & roll. Fazer o tático, as pequenas ações, vai manter o movimento dos negócios.


A economia vai reagir de acordo com a vacinação. Segunda dose para a imensa maioria da população mais quinze dias. Esta é a data chave. Até lá viveremos ciclos de liberação e proibição. Tudo vai oscilar e enquanto as pessoas não circularem a roda da economia não vai andar satisfatoriamente. O período entre a primeira e a segunda ondas já aponta diferenças. A primeira onda foi apavorante. As pessoas correram para comprar papel higiênico, álcool 70% e eletrodomésticos. Houve um momento ficcional: tudo parecia um filme. Gente cantando nas janelas, brindando com copos amarrados em cabos de vassoura e atletas correndo maratonas em sacadas de apartamentos. Lives, mais lives, muitas lives. Reuniões de trabalho e happy hour com amigos, todos tomando vinho, cada um em sua casa. A sociedade do espetáculo encontrou entretenimento na pandemia. O trabalho remoto foi aclamado.


Passado um ano, as lives diminuíram. Se o sujeito cantar na sacada você reclama com o síndico e o temor tomou conta de todos. O desemprego aumentou. Fazer home office em um pequeno apartamento para uma família de quatro pessoas virou um game. O glamour acabou.


Houve um momento ficcional: tudo parecia um filme. Gente cantando nas janelas, brindando com copos amarrados em cabos de vassoura e atletas correndo maratonas em sacadas de apartamentos (...) Passado um ano, as lives diminuíram. Se o sujeito cantar na sacada você reclama com o síndico ... O glamour acabou.

Também acabou o auxílio emergencial que agora volta. Menor e para menos pessoas. No atual ciclo teremos uma redução de 24,8 milhões de famílias recebendo o auxílio. Vinte milhões receberão R$ 150,00, 16,7 milhões receberão R$ 200,00 e 9,3 milhões receberão R$ 375,00. Serão mais R$ 44 bi na economia contra cerca de R$ 290 bi em 2020. A inflação de alimentos no em um ano de pandemia chegou a 15%. Com esta alta, cada Real compra muito menos, especialmente para a parcela da população que já está endividada. O dinheiro irá, em parte, para quitar dívidas. Parte estará nos supermercados e na alimentação e bebidas. Mas os preços vão ditar algumas migrações de categorias e marcas. Olhe para isso e tome algumas decisões em relação a promoções.


O home office pode ser uma realidade para algumas áreas corporativas. Mas coloca dilemas. Existe uma parcela que não quer mais ficar em casa. Não é cômodo. Com a diminuição da intenção de compra – que reflete o ânimo das pessoas, não melhorará seu padrão de moradia. Sair de casa para trabalhar define a moradia como um lugar de convivência familiar. Na maioria dos casos está se tornando um escritório com algumas crianças passando. A família sofre com isso. Home é home, office é office. Ao menos na maior parte do tempo.


Começa a surgir a desestruturação do espírito de corpo da empresa. As equipes podem se enfraquecer. O trabalho é mais autômato, menos qualitativo e as vezes menos empolgante. As trocas ficam reduzidas. Profissionais se ressentem da falta de contato. Contratações de estruturas inteiras para ficarem em home office criarão uma dificuldade de identificar líderes e gestores. Os parâmetros dificilmente serão de líderes integradores e motivadores. Há o perigo de as empresas se tornarem um enorme painel de uma rede social com todos incansavelmente felizes na câmera. E apenas lá.


Não teremos boom de compras de eletrodomésticos, itens de decoração similares. As plataformas de vendas continuarão a crescer com itens muito mais prosaicos. Aqueles que as pessoas comprariam numa ida rápida a uma loja de material de construção, um supermercado ou coisa assim. Isso se manterá porque o hábito de compra começou a se arraigar em grupos sociais. A praticidade é enorme. Mas o temor pelo tamanho da crise promove a diminuição do consumo. O consumidor fica avesso a risco. Compra o necessário pois está mais pessimista. Ainda haverá ainda um movimento de compra. Será mais disputado. O que você está fazendo para participar destes negócios? Pense da seguinte maneira: se alguém está comprando, como fazer para que compre seus produtos? Aja taticamente. Promova.


Se você é do varejo não se iluda com a pressão de preços como única maneira de fazer as compras. Você pressiona nos preços, a indústria reduz o custo diminuindo sua exposição. Muda de fornecedores, pode mudar de qualidade e reduz os custos de produção. Sem milagre. O consumidor será prejudicado. E vai perceber estas mudanças. A conta vai chegar para você. Vínculo se estabelece na dificuldade. Pense em ganhar sempre e não em ganhar muito agora. Exija que a parceria da indústria seja no compromisso de ajudar no giro. Cobre investimento e não preço.


Com estes aspectos iniciais é possível compreender que a crise sanitária depende da vacina. Que o futuro ainda é nebuloso. Assim as ações de curto prazo são – especialmente para os bens de consumo e o varejo, mais importantes do que as estratégias mirabolantes. Elas manterão empresas operando e podem reduzir o impacto imediato no desemprego. As ações de negócios tendem a ser de defesa de espaço. Não basta esperar com fé de que vai passar. É preciso agir no para manter vendas. Você e sua empresa precisam de uma injeção de ânimo tático. E todos nós precisamos daquela injeção que, apesar das confusões, está chegando.



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